sexta-feira, 19 de novembro de 2010

“Quem não deve não treme’ - o estilo inconfundível de Zózimo

Reverenciado como um exemplo de credibilidade, Zózimo Barrozo do Amaral começou no Jornal do Brasil em 1969. Suas notas não se restringiam a narrar a forma de viver da alta sociedade, abordando também bastidores da política e a assuntos econômicos. Durante os mais de 20 anos em que esteve no JB, acumulou a função de editor do Caderno B e do Informe JB.

Seus textos destacavam-se pela maneira sutil e concisa com que passavam as mensagens desejadas. Além disso, suas notas evidenciavam grande habilidade para conseguir obter as notícias sempre em primeira mão. Como no caso em que descobriu que o cirurgião Ivo Pitanguy faria uma viagem para operar a duquesa de Windsor antes de o mesmo ter sido comunicado. Ou de ter dado a notícia antes da editoria de esportes, informando que a seleção brasileira disputaria um torneio internacional em Mônaco.


Preso duas vezes durante os tempos sombrios do AI-5, Zózimo não deixou de escrever a sua coluna de maneira mordaz e bem-humorada. Autor de jargões que marcaram época, foi autor do termo “esticada”, palavra utilizada para denominar a continuidade de alguma comemoração em um outro ambiente. Algumas de suas frases ficaram bastante conhecidas até por quem jamais leu as suas colunas, como: “Brega é perguntar o que é chique.Chique é não responder”. “O problema de Brasília é o tráfego de influência, já no Rio de Janeiro o problema é a influência do tráfico”. “Quem não deve não treme”.

No ano de 1993, Zózimo retornou ao jornal O Globo, onde iniciara a carreira, em 1963. Permaneceu no jornal até a sua morte causada por um tumor, aos 58 anos de idade. Seu nome, batiza, desde 2001, uma praça e uma estátua de bronze no final da avenida Bartolomeu Mitre, no Leblon, onde sempre passeava de bibicleta.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Fotografia como documento social


Com mais de 150 fotos estampadas na primeira página no Jornal do Brasil, ao longo de duas passagens pelo periódico, o repórter fotográfico, mestre em Antropologia e Ciências Políticas e membro do Conselho Deliberativo da ABI, Alcyr Cavalcanti conversou com o Lá no JB sobre sua trajetória pelo jornal e fez uma análise sobre as consequências dos avanços tecnológicos na fotografia.


Lá no JB: Como foi o início da sua carreira profissional como fotógrafo?

Alcyr: Comecei a fotografia em 71, no jornal O Fluminense, em Niterói e depois passei por vários jornais. Fui trabalhar no Jornal do Brasil, primeiro em 1987 e fiquei até abril de 88. Fui convidado por amigos. Trabalhava na Tribuna da Imprensa e tinha saído recentemente do Globo.

Lá no JB: E a sua passagem pelo Jornal do Brasil?

Alcyr: Fui convidado pelo diretor de fotografia Alberto Ferreira. Era o primeiro fotógrafo a chegar. Depois ia para a Tribuna, após algum tempo, fiquei só no JB que era de fato uma referência, ele aproveitava muito bem a fotografia, desde a reforma gráfica feita pelo Amílcar de Castro. Embora já estivesse começando a entrar em decadência era um jornal que dava nome ao profissional, era melhor profissionalmente. O Alberto Ferreira, talvez o melhor editor de fotografia que o Brasil já teve, era passional, mas para ele a fotografia não era um mero acessório, ele impunha a fotografia que ele queria e isso era muito bom para o fotógrafo. Principalmente para um fotógrafo que ele gostasse, porque ele trabalhava pela foto e com grandes ampliações. Tive nessa equipe muitas primeiras páginas. Muitas vezes a fotografia era o mais importante no JB e para nós fotógrafos isso era muito gratificante. Em fevereiro de 1988, eu fiz uma das melhores reportagens da minha vida com o jornalista Jorge Antônio Barros. Foi uma matéria sobre a guerra entre o narcotráfico e jogo do bicho. Na época, o JB não publicava extrema violência, mas publicou e deu um caderno inteiro sobre Rocinha. Nós ficamos lá por dez dias e a reportagem ganhou o Premio Esso. Sai de lá em 1988 quando chegou um novo diretor de fotografia que vinha de revista e tinha outra concepção. Na época, era nítida a diferença entre o fotojornalista clássico e o de revista. O fotojornalista clássico resolve da melhor maneira possível dentro da regra da estética, da pintura, em uma fração de segundos. Tem de noção de composição, agilidade. Eu me senti um pouco desgastado. Em 1990, na época da Copa do Mundo, fui convidado pelo Evandro Teixeira para voltar ao JB. Tive como editor o Rogério Reis. Entre 1990 e 1994, foram mais de 150 primeiras capas, algumas muito importantes. Tive a oportunidade de viajar com a seleção brasileira e de fotografar em 1991 para o centenário do jornal o empresário e dono do Jornal do Brasil na época, Nascimento Brito e o Barbosa Lima Sobrinho.

Lá no JB: Dos prêmios que você já recebeu como fotógrafo, qual o que mais te emocionou?

Alcyr: Na verdade, eu participei mais como jurado do que concorri. Dos poucos que ganhei, os que mais me emocionaram foram o Kodak/Fenaj, em 1988, sobre violência urbana e o prêmio José Martí, de Havana, em 1983, sobre a remoção de favelados.

A morte de um traficante: foto premiada em 1988


Lá no JB: Seus trabalhos mostram uma visão crítica acerca dos contrastes da nossa sociedade. Você acredita que a fotografia funciona como um documento social?

Alcyr: Sim. Minhas fotografias são muito marcadas pelas críticas sociais, pelo flagrante que é o momento que não se repete. Fotojornalismo é ação. A tecnologia até contribui para isso, mas só um cérebro pensante para saber a lente que vai usar e qual recorte que vai fazer. É documento histórico, evidente que é o fotógrafo que fará o recorte da sociedade, porque o mundo infelizmente não é o que a gente gostaria que fosse, então fica como documento. O que faz uma foto ser bem-vinda ou não é o resultado, e sim, o quanto vai beneficiar ou prejudicar.

Desabamento da clínica Santa Genoveva

Lá no JB: Em recente entrevista para o Lá no JB, o fotógrafo Rogério Reis falou sobre os momentos difíceis pelos quais os jornalistas e fotógrafos passavam à época do governo do General João Baptista Figueiredo. E para você? Como foi ser fotógrafo durante o período da ditadura?

Alcyr: Eu comecei em 1971, em plena ditadura, uma série de coisas não podia fotografar. Eu nessa época andava sempre com câmera, só que não podia passar nem na porta do quartel da polícia e dos consulados. Tinha de passar do outro lado da calçada porque era muita repressão, uma série de fotografias não foram publicadas. Em 1978, eu trabalhava como free lancer num jornal e fui processado na Lei de Segurança Nacional por ter fotografado, na rua de Santana, no Estácio, uma comunidade de mendigos que bebiam éter, brigavam, e um deles fez sexo oral com a mulher. Estava no processo de abertura, não havia mais espancamento e tortura, porém, o delegado afirmou que eu os havia induzido a fazer isso. E neguei e pedi perícia para comprovar que pela objetiva usada e pela distância (cerca de 30 metros) não tinha possibilidade de ter induzido. Também expliquei ao delegado que havia uma delegacia policial próxima a cena e se aquilo era um crime, a sociedade tinha de resolver, não eu. O jornalista tem a obrigação de registrar o fato. Assim é a reportagem fotográfica: o que você vê na rua, fotografa. É um flagrante, você não produz a cena. A vida é muito rica, fazer um registro do cotidiano, dentro de algumas regras e com uma linguagem própria, no jornalismo é muito importante.

Lá no JB: Você acredita que as novas tecnologias (como a câmera digital e os modernos programas de edição de fotos no computador) vieram para agregar ou representam uma ameaça ao fotojornalismo?

Alcyr: As novas tecnologias são um grande avanço para a humanidade. Portanto, eu as vejo de uma maneira perversa. Não há nada na vida que seja totalmente bom ou totalmente ruim. O lado perverso é a demissão. Várias profissões terminaram com as novas tecnologias. Uma das características dessa fase do capitalismo é a questão da velocidade e a rapidez, e isso as tecnologias trazem. Eu evidentemente para sobreviver, deixei a máquina de escrever de lado, fui obrigado a comprar o computador, que é somente uma ferramenta.
Lá no JB: Acredita que o trabalho de fotojornalismo estará ameaçado?

Alcyr: A ameaça é inerente ao processo, porque ele vai diminuir a frente de trabalho. Você é obrigado a se adaptar aos novos tempos. As transmissões têm de ser feitas com muita rapidez no chamado tempo real. Há alguns anos, teve uma enchente no Rio de Janeiro, eu comecei a fotografar um grupo de pessoas que tentava passar pela área alagada, perto do Viaduto dos Marinheiros. Eu estava com uma câmera muito boa, de uma lente só, aí veio o problema: dois filmes eram para luz do sol e estava um dia chuvoso, mas eu consegui controlar bem. Fui ao laboratório de revelação, e mandei fazer uma série de cópias que levou três horas para ficarem prontas. Se eu tivesse fotografado com uma câmera digital, seria muito mais rápido. Os fotógrafos hoje em dia conseguem fotografar e enviar a foto prontamente fazendo uso de laptops com acesso a Internet.

Lá no JB: Como foi para você essa migração do Jornal do Brasil impresso para a plataforma virtual?

Alcyr: O JB teve cem anos de êxito e vinte de fracasso. A decadência começou na década de 70, quando ele perdeu a concessão de TV. O prédio da Avenida Brasil era muito grande e várias salas ficavam vazias. Hoje em dia, um jornal não pode ser tão grande assim. Ele era um jornal muito bem feito, que permitia avanço, dava amplitude. É uma pena que o jornal tenha entrado num processo de decadência que eu acredito que seja difícil de reverter, embora esteja se inserindo na linguagem da internet e dos blogs.

Lá no JB: O que a fotografia representa na sua vida?

Alcyr: A fotografia sempre foi uma grande paixão, um meio de vida e sustento. Certa vez, me perguntaram se a fotografia muda o mundo no sentido revolucionário. Acho que não. A fotografia leva as pessoas a raciocinar, a refletir. A crise do capital fez com que houvesse uma mudança de enfoque. A foto de uma celebridade, vale mais que a de um acidente, que é um recorte da sociedade.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O JB que nós amávamos

O Lá no JB separou alguns vídeos que foram mostrados no seminário O JB que nós amávamos, na ABI, nos dias 20 e 21 de outubro. Confiram abaixo.

Como se faz (ou melhor, como se fazia) um jornal?

Palestra em videoconferência com Alberto Dines, que assumiu o Jornal do Brasil em 1960 e foi o principal responsável pela reforma gráfica que o jornal passou.

Ex-editora do Caderno B, Regina Zappa fala sobre o documentário Avenida Brasil 500.


Gravação: Professor PC

sábado, 23 de outubro de 2010

A “REOCUPAÇÃO” DO JB


Em entrevista concedida ao Blog Lá no JB, o fotógrafo Rogério Reis fala sobre a produção do documentário Av. Brasil 500, uma produção dele com a jornalista Regina Zappa e diretor de fotografia de
Sérgio Sbragia. O filme será composto de relatos de pessoas que trabalharam no prédio do Jornal do Brasil da Av. Brasil e ao visitarem o prédio, já abandonado pelas marcas do tempo, contam histórias e lembranças do JB.


Lá no JB - Como foi a sua trajetória no JB?

Comecei em 1977 como estágio da faculdade de comunicação, saí em 1980 e logo depois retornei como fotógrafo. Depois saí novamente, retornando em 1996 como editor de fotografia.


Lá no JB - Como Surgiu a ideia de produzir o documentário?

Como eu já vinha fazendo um trabalho de fotografar os escombros do prédio, conversei com a Regina e ela propôs de fazer um documentário, Achei ótimo. Nós queríamos aproveitar o que restou antes da reforma do prédio a fim de causar um impacto na sua concepção de arquitetura. No prédio eu fiz uma produção inicial, que será o coração do filme. O filme contará a história do Jornal do Brasil através do prédio JB que era situado na Av. Brasil 500, onde será futuramente um hospital, que está quase pronto.
Mas antes mesmo começar o a fotografar eu nunca conseguia autorização para entrar no prédio. Só consegui depois que passou a ser do governo federal, e a partir disso foi muito fácil entrar no prédio.



Andar do prédio JB, da Av. Brasil 500.
Foto: Rogério Reis

Lá no JB - Houve outros empecilhos para produzir o material, como este da entrada do prédio?

Sim, porque para fazer um filme documentário precisa de dinheiro. Algo que já se torna vantagem na fotografia, onde em uma ação isolada e solitária se faz também um trabalho de documentação. Ao percebermos que precisaríamos correr em vistas das obras do prédio, começamos a realizar a produção na base do voluntariado de pessoas que conhecíamos e que são ligadas à área de cinema. Nós trabalhamos com três unidades de câmera onde entrevistamos as pessoas sob aquela paisagem destruída. Na época tinha muitas pessoas que trabalhava no JB e ficavam mais tempo lá do que em casa. As pessoas tinham uma relação muito afetiva com aquele espaço de trabalho. É fácil você pegar um jornalista que trabalhou em várias redações e esse sujeito declarar que o melhor lugar onde ele trabalhou foi no Jornal do Brasil.


Lá no JB - E como foram estes depoimentos?

Conseguimos reunir em media de cem pessoas e foi uma convocação espontânea pela internet. Tivemos limitar para este número por questões de segurança porque o local estava sem janela, sem porta de elevador, sem luz em alguns ambientes. Eu mesmo fui conhecer pessoalmente uma telefonista que na época só a conhecia pela voz. (risos) As filmagens começam às 12 horas e acabaram a acabaram por volta das 18 horas, algo importante porque tivemos um momento que não vai mais poder se repetir.


Maquinário abondonado do Prédio do JB.
Foto : Rogério Reis

“A máquina fotográfica é uma
extensão do olhar”
Afima Rogério.
Foto: Gabriel Bernardo.

Lá no JB - Como foi o seu trabalho como fotografo do Jornal Do Brasil nos anos 70?

Pude perceber um fato importante que foi o JB, influenciado pela direção da redação, em produzir uma fotografia mais pensada e crítica em favor da democracia e com mais liberdade, pois o país vivia no período da ditadura militar. Combinação de juízos de valores e resultado estético já era praticada, estimulada pela direção de redação. Tinha também uma equipe de fotógrafos que era considerado na época como a elite da fotografia brasileira. Eram fotógrafos que já tinham a sua marca autoral. Entendia-se que o maior patrimônio do jornal naquele momento era a liberdade de expressão e consolidar isso perante a opinião pública. Acho que a opinião pública acreditava no JB. Quando era editor de fotografia do Jornal, nos finais dos anos 90, fui ver a pauta o filho do Castor de Andrade, que era o Paulinho de Andrade, onde estava sendo condecorado com uma medalha. Nós partimos que uma visão mais irônica do fato, onde só interessava uma visão se fosse para criticar isso. O fotografo marco Antonio Resende fez uma foto espetacular. Quando a foto estava pronta demos o titulo “O poderoso chefão” .


A ideia que se tinha era provocar a ditadura”
relata Rogério. Miguel Arraes durante a anistia. Foto: Rogério Reis.


Lá no JB - Você fotografou pelo JB o período da Anistia de 1979 e do movimento Diretas Já. Como foi fotografar estes momentos políticos do Brasil?

Era uma época que trabalhamos com coração. Quando saímos, por exemplo, para cobrir uma passeata estudantil tínhamos que ter algumas estratégias de voltar para redação com os filmes. O grande mico da minha época era você ao cobrir um acontecimento, voltar para redação dizendo que tinha sido preso ou que tinha levado o seu filme. Portanto, tínhamos uma estratégia de sobrevivência que nós aprendemos a fazer. Nós enterrávamos filme no jardim de alguma praça ou então um colega passava o filme para outro, porque estava visado por ter tirado uma foto de alguém. Eu trabalhei bastante na época do governo do General João Batista Figueiredo, e a sua segurança pessoal nos provocava o tempo todo.Era comum chegarmos em casa com marcas de beliscão, pois os seguranças dele gostavam muito de nos beliscar, cutucar e empurrar a fim de atrapalhar o nosso trabalho, e isso era exatamente para entrar na provocação e eles terem o pretexto para tirar a credencial. Nós até usavamos duas camisetas no corpo para atenuar o beliscão.

Então para trazer a noticia para o leitor tínhamos que nos submeter a isso. Porém nós enganávamos a segurança do presidente quando tirávamos uma foto de alguém que eles não permitiam, eles pediam o filme e nós dávamos o filme errado, no dia seguinte, a foto estava lá publicada. Ai esse segurança marcava o rosto do fotografo e perseguia mais para frente.



Lá no JB - Como os outros jornais viam o JB? Principalmente os jornais estrangeiros?

O Jornal era muito respeitado até por ter o nome “do Brasil”. Uma coisa que chamava bastante atenção era quando os jornalistas do New York times, do El País, do Expresso (Jornal em Portugal) vinham visitar o prédio, perguntavam assim: “ouantos jornais se fazem aqui dentro?” Nós respondíamos: um jornal só. Isso causava um espanto. Era uma época onde o JB tinha correspondente em quase todos lugares do mundo. Uma coisa curiosa é que aquele prédio foi construído para ter uma emissora de TV, e parece que a família Brito perdeu a concessão de TV para o Silvio Santos por conta de negociação com o governo. Acho que o sujeito que projetou aquele prédio, fez no intuito de ser rádio, televisão, revista etc.



Passeata. Foto: Rogério Reis



Lá no JB - Como os jornalistas se deslocavam para fazer as pautas, já que o prédio era isolado e distante do Centro da Cidade?

Apesar de eu não ter trabalhado com os jornalistas que chegaram lá em 1973, eu cheguei em 1977, pude perceber algumas coisas neste sentido. Os jornalistas reclamavam porque era bem diferente de trabalhar na Av. Rio Branco. Mas na Av. Brasil existia um serviço de Kombi que a cada quinze minutos que levava até o centro, além de uma cooperativa de táxi nos fundos do prédio, que também prestava serviço para o jornal. Isso ajudava a amenizar o isolamento. Apesar disto o local tinha uma vantagem, pois era um ponto de bom escoamento. Por exemplo, se acontecesse um fato na Zona Oeste, tinha-se um fácil acesso. Outra coisa que acontecia por conta disso que era que as pessoas tinham que lanchar, fazer as refeições dentro do jornal, e quando saia era para trabalhar.



Fernando Gabeira na anistia em 1979. Foto: Rogério Reis



Teotônio Vilela visita presos políticos. Foto: Rogério Reis

Lá no JB - O que é a fotografia para você hoje?

A máquina fotográfica é um meio de expressão como qualquer outro. Meu objetivo na fotografia é fazer uma crônica visual. Hoje em dia a fotografia digital possibilita a democratização do fazer fotográfico e neste sentido considero uma coisa importante: Está na hora de criarmos o prêmio repórter cidadão porque existem hoje matérias maravilhosas, principalmente denúncias, que são feitas por pessoas que não estão no jornalismo, ou seja, a cidade ser monitorada por ela mesma. Isso é fantástico e um grande passo para cidadania. Existem hoje o Viva favela, a Escola da Maré e outros. Na medida em que todos fotografam, o fotografo profissional é obrigado a buscar uma sofisticação de linguagem.







quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O JB na Tragédia do Sarriá

Na edição de 06 de Julho de 1982, o JB retratou fielmente o que representou para o país a derrota da nossa seleção para a Itália e a traumática eliminação na Copa do Mundo da Espanha. O episódio ficou conhecido como "A tragédia do Sarriá", por ter sido o jogo realizado no estádio de mesmo nome, na cidade de Barcelona. A capa do caderno de esportes, que está ao lado, traz a exata dimensão do clima vivido no Brasil, após a eliminação. O time comandado por Telê Santana, apesar de ter sofrido críticas antes da Copa, conseguiu mostrar um vistoso futebol que encheu os olhos do mundo. A vitória diante da pouco convincente Itália era mais do que certa. resultado final: Itália 3 x 2 Brasil, com três gols do até então então desconhecido, Paolo Rossi.




A cobertura foi feita pelos repórteres Antônio Maria Filho, Márcio Tavares e Marcos Penido. A foto de capa é de Almir Veiga e a da matéria ao lado é de Alberto Ferreira. A reportagem ganhou o Prêmio Esso daquele ano. Hoje no jornal O GLOBO e com seis copas do mundo no currículo, Marcos Penido teve sua primeira experiência em mundiais no ano de 1982. para ele, uma experiência inesquecível, embora marcada em seu final, pela tristeza:
"Por ter sido a primeira copa, a gente não esquece. Não foi mais marcante que a de 1994, quando o Brasil foi campeão", conta o repórter, lembrando de sua terceira cobertura de copa do mundo e a primeira conquista que presenciou como jornalista esportivo.
Na matéria ao lado, destaque para o desabafo de Paulo Isidoro, jogador preterido por Telê e que não poupou críticas ao comandante, após a eliminação. Marcos Penido conta que tal declaração só foi possível porque naquela época a aproximação com jogadores era muito maior:
"Naquela época não é como hoje. Tínhamos mais acesso aos atletas sem precisar de intermediários, como assessores de imprensa. Convivíamos diariamente e obtínhamos declarações mais ricas em conteúdo".

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Jornal do Brasil sofre fraude rubro negra


Em 1927, o JB lançou o concurso para escolher "O Clube mais querido do Brasil". Como prêmio, o time vencedor levaria a "Taça Salutaris", oferecida pela engarrafadora de água mineral do mesmo nome. O troféu, está até hoje na sede do Flamengo, e tem cerca de um metro e meio de altura e é todo banhado em prata.
Até aí, galera, tudo bem, mas, torcedores rubro-negros burlaram o resultado. Como? Vejamos abaixo...
No próprio site eusouflamengo.com, a história é relatada da seguinte forma:"O procedimento do torcedor era levar o rótulo do produto (água mineral) preenchido com o nome do seu clube de coração na sede do Jornal do Brasil. Ao final quem tivesse mais votos, Flamengo ou Vasco, ganhava o concurso. Simpatizantes do dois clubes se mobilizaram para a batalha. O portugueses encheram sacolas e mais sacolas de rótulos. Por serem comerciantes tinham maior poder aquisitivo é claro. Mas, os flamenguistas não se deram por vencidos e, brilhantemente, reverteram o 'golpe Português'. No dia da apuração, disfarçados (com escudinhos do Vasco na altura do peito e sotaque lusitano) receberam os cupons dos 'patrícios' e despejaram tudo fora. Inicialmente nas latrinas do prédio do JB e mais tarde no poço do elevador. Saiu o resultado e a 'Salutaris' é levada em triunfo para a praia do Flamengo, onde se segue um longo e debochado carnaval".
Como se não bastasse a trama, o feito foi motivo de orgulho...
"O cartaz do Flamengo só faz aumentar. Afinal, a imaginação, inteligência, criatividade e a audácia de seus torcedores superaram as 'armações vascaínas'".
Agora sabemos, com base na história, o que houve de verdade. O time do Vasco da Gama que é o "time mais querido do Brasil", entre as séries A e B. Entretanto, torcedores do Flamengo insistem em dizer que são "hexas", sendo ainda, apenas penta. Mas, esta já é uma outra história...



Fonte pesquisada no dia 19/10/2010: www.eusouflamengo.com

Grandes Nomes do JB - Rui Barbosa

Membro fundador da ABL (Academia Brasileira de Letras), jornalista, advogado, jurista, diplomata, ensaísta e orador, o baiano Rui Barbosa assumiu a função de redator-chefe do Jornal do Brasil em maio de 1893. Tendo Barão de Rio Branco como colaborador.

Numa época em que os periódicos eram entregues em carroças, uma nova fase jornalística começou no JB, o objetivo de Rui Barbosa era transformar o jornal em "um instrumento de doutrina e organização, de estudo e resistência, de transação política e intransigência legal."

Líder republicano, Rui Barbosa conduziu o Jornal do Brasil – até então com um posicionamento voltado para a monarquia – opinando a favor da República, mas contrário à ditadura governo de Floriano Peixoto.

Ainda em 1893, com a eclosão da Segunda Revolta da Armada, o já editor-chefe Rui Barbosa escreveu um artigo publicista a favor do movimento e atacando os partidários do governo. Esse foi seu último artigo para o JB. Pois, o então presidente caçar Rui Barbosa “vivo ou morto”, não lhe restando alternativa, a não ser o exílio em Londres após passar por alguns países. Em função de seu posicionamento, o Jornal do Brasil foi punido com o fechamento, voltando a circular somente após um ano e 45 dias.

A era Rui Barbosa trouxe mudanças consideráveis para o periódico. Logo assim que assumiu a redação, mudou o Z de Brasil para S. Além disso, o jornal começou a receber notícias através de transmissões telegráficas por meio da agência Reuter-Havas.
Essa tecnologia, via cabo submarino ligava o país à Europa e possibilitou o início da publicação de notícias internacionais não somente no Jornal do Brasil, mas em todos os principais jornais brasileiros da época.

Seminário o JB que nós amávamos

A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) realizará nos dias 20 e 21 de outubro um seminário sobre a história do Jornal do Brasil. Algumas das palestras irão propor uma análise acerca da transição para a plataforma digital e as motivações para tal mudança.






segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Ique é JB


O jornalista Ique foi chargista do Jornal do Brasil por mais de 25 anos. Ele publicou em seu blog, em 31/08/2010, um texto sobre sua última publicação ao JB impressa em papel jornal.

Carta aberta!

Lamentando e sentindo muito ter sido levado a tomar essa decisão, publiquei hoje, dia 31 de agosto de 2010, meu último trabalho como chargista do Jornal do Brasil. Essa edição em que a charge foi publicada, também foi a última da casa, impressa em papel jornal. Depois de receber muitas manifestações, mensagens via e-mail, facebook e twitter, sobre minha saída do JB, em respeito e retribuição ao carinho recebido, tenho que dar uma satisfação pública a tantos amigos, leitores, seguidores e colegas de profissão. É sabido por todos, que o JB vinha vivendo mergulhado em uma grande e profunda crise. Era necessário muita resignação, que eu tive, protelando essa decisão a cada momento de dificuldade apresentado pelos comandantes da náu a deriva. Isso por acreditar que alguma solução milagrosa seria encontrada a qualquer momento, pra salvar aquele lugar mágico que foi meu ninho, minha escola, meu palco. O palco de muitas conquistas importantes como os dois "PRÊMIOS ESSO DE JORNALISMO" de 1990 e 1991. Honraria que só o Jornal do Brasil recebeu na história do prêmio e do jornalismo brasileiro. Minha decisão foi pragmática e baseada nas informações anunciadas pelo comando da empresa, acerca do audacioso projeto, que não se encaixou em minhas expectativas pessoais para este momento profissional. Diante desta realidade, só me restou encerrar meu ciclo de 27 anos junto com a edição impressa do Jornal do Brasil, que foi tão importante para o jornalismo, para a democracia, e para a minha vida, ao me consagrar como profissional das artes gráficas.Abaixo dois dos momentos mais marcantes de minha carreira: minha primeira charge oficial e também a última. As duas criadas especialmente para o jornal.

Cheguei na casa entre 1983 e 1984 ainda muito jovem, aos 22 anos, sonhando em ser um dia o maior chargista do país. Publiquei muitas caricaturas e ilustrações para outras editorias, até que em 1985, consegui finalmente ver minha primeira charge política estampada na página mais nobre do jornal: A página 10, do editorial e das charges. Tancredo havia sido eleito e dominava o mundo com seu carisma. A democracia voltava e eu nascia para a charge política nacional.

A última charge mostra a pressa da candidata Dilma em ocupar o lugar do presidente operário, que ainda não é seu, revelando toda a arrogância Petista.

Depois de tantos anos como chargista político diário, me sinto merecedor de umas boas férias. Até breve!

As informações são do blog http://blique-oblogdoique.blogspot.com/

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O Fim do JB impresso para Gabriela Garcia

Gabriela Garcia é jornalista e trabalhou no JB nos anos 90.
Gabriela, em depoimento para o Lá no JB na noite de 31 de agosto de 2010, conta um pouco de sua trajetória no Jornal do Brasil e nos revela sua posição sobre a nova fase do jornal.

“Eu sai do JB em 1999, trabalhei lá durante 8 anos, principalmente na editoria de cidade. Estou arrasada com o termino do JB impresso, porque foi o primeiro jornal que eu trabalhei, foi o jornal que me ensinou tudo de jornalismo e que eu fiz grandes amigos. Foi lá na redação que conheci grandes mestres do jornalismo , trabalhei lado a lado com Villas Boas Correa, Sueli Ventura, Veríssimo, etc" conta Gabriela.

A jornalista defende a idéia de que ainda existe a mentalidade do jornal impresso, de ter o papel, sentir, pegar o objeto jornal, porém acredita que o Jornal do Brasil não acabe de vez, que é um novo momento do jornal, com uma outra visão e uma nova editoria.

Quando perguntamos qual dos momentos marcantes tinha passado como jornalista do JB, Gabriela na hora deu um sorriso e nos contou que um dia salvou a vida de Ron Wood, da banda Rolling Stones.

“Eu tenho uma história incrível, em abril de 1998 eu estava fazendo plantão dos Rolling Stones na ilha do Pitanguy, eles estavam em turnê pelo Brasil e fariam um show na apoteose no Rio, e a gente (equipe de jornalismo do JB) estava com uma lancha, quase todos os jornais já tinham ido embora, só ficou o JB e a Revista Caras. Do nada a lancha do Pitanquy pegou fogo nós salvamos o Ron Wood. Eu saí na primeira página salvando o Ron Wood, ele agradeceu no show a equipe do JB, foi algo incrível, essa história é inesquecível, assinar pela primeira vez a primeira página e ainda sair nela, não teve momento mais marcante" confidencia emocionada a jornalista.

Gabriela Garcia e Wilson Figueiredo no lançamento do livro de Alfredo Herkenhoff "Memórias de um secretário - Pautas e Fontes"